quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

VIVA A FARTURA!

Conheça os Alimentos que Significam Fartura para Diferentes Povos
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Celebrar e agradecer a abundância é um dos rituais mais antigos da humanidade.
Primeiro os grãos e as sementes, frutos da generosidade da terra, e depois outros alimentos foram eleitos pelos povos para expressar a fé em tempos fartos e o agradecimento pela comida no prato, pela continuidade da vida e pela boa colheita. A pureza do arroz é reverenciada pelos japoneses e chineses. Os grãos do milho representam a fortuna para os americanos. A substância do pão é o sustento dos italianos. As cores e os aromas das especiarias estão nos rituais indianos de fertilidade.
E nós, brasileiros, nos inspiramos em todas essas culturas.
Especiarias
Sabores e Aromas Sagrados
Os condimentos, capazes de enriquecer e dar cor, sabor e perfume a alimentos básicos, como arroz, feijão, lentilha e grão-de-bico, são considerados verdadeiras preciosidades pelos indianos. E, nessa cultura tão espiritualizada, o ato de comer não sacia apenas o paladar. Por meio da comida, consegue-se estabelecer a harmonia entre corpo, mente e espírito. Essa integração constitui a verdadeira prosperidade, conforme contam os livros Arqueologias Culinárias da índia, de Femanda de Camargo Moro [ed. Record), e índia: Biblioteca dos Grandes Mitos e Lendas, de Verônica íons (ed. Verbo).
Segundo os hindus, o alimento é o presente sagrado de Brahma, o Deus Criador, e, por isso, é a melhor oferenda nas festas religiosas. Tudo é preparado com muito esmero e dedicação.
A chamada garam masala, uma perfumada mistura de especiarias e ervas - feita de cravo, canela, anis, cardamomo, coentro, cominho, gengibre, cúrcuma e usada no preparo de cereais e carnes -, é a alma da culinária indiana. Graças aos navegadores europeus do século 15, que trouxeram para o Ocidente as especiarias, podemos provar desses aromas e sabores exóticos e ainda dar a eles um significado especial, relacionado à fartura e à abundância.
Milho
Cereal da Fortuna
Sem dúvida, o milho é um dos mais tradicionais símbolos da fartura nos Estados Unidos, juntamente com a torta de maçã. O significado de ambos está ligado à abundância de alimentos que os imigrantes ingleses encontraram na nova terra, do outro lado do oceano. Ouando Colombo chegou à América, em 1492, o milho já era encontrado da Argentina ao Canadá e os índios conheciam quase todas as espécies do cereal.
A abundância não admite desperdício, e o milho reforça esse lema, pois é totalmente aproveitável: a palha, quando verde, é boa forragem para bovinos. O cabelo do milho serve para fazer chá para os rins. O amido é usado na indústria de alimentação - na fabricação de glicose, maisena, margarina e fermento. É também ingrediente de medicamentos como penicilina, vitaminas B12, riboflavina e xaropes.
Apreciado na culinária rústica e sofisticada, o milho tem preço baixo, sabor agradável e sustenta. Os grãos dourados remetem ao ouro da fortuna e agradam aos olhos e ao paladar até mesmo quando as espigas são preparadas da forma mais simples: cozidas em água e sal.

Pão
O Sustento de Cada Dia
Desde sempre e para todos os povos, o pão é reverenciado como alimento essencial, que sustenta e nutre, afastando a escassez e a fome.
Os que mais o exaltam são os italianos, que têm 250 variações catalogadas da mistura básica de farinha de trigo, água e sal. Na Itália, o ato de repartir o pão atrai prosperidade e multiplica a abundância, por isso ele não falta à mesa em todas as refeições.
A origem do pão é controversa. Sabe-se que ele foi o primeiro alimento elaborado - talvez pelos chineses. Porém restos arqueológicos atestam que o pão era consumido pelos egípcios e que se tornou comum na dieta dos gregos, sendo depois incorporado aos costumes romanos.
Nessa tradição, molha-se um pedaço de pão, partido com a mão, no vinho antes de começar a refeição. O mesmo gesto é eternizado na cerimônia cristã da comunhão, em que ele tem sentido sagrado, nos tornando seres unos e abençoados. O pão simboliza o corpo de Cristo, a vida ativa, a pureza, o sacrifício e os pequenos mistérios, enquanto o vinho simboliza a contemplação e os grandes mistérios.
Arroz
Prosperidade em Pequenos Grãos
Esse cereal é abundante no Japão, na China, na Coréia e na Indonésia, e vem de 5 mil anos atrás a tradição de considerá-lo um símbolo de fartura.
O hábito de atirar arroz sobre os noivos após a cerimônia de casamento é chinês: um poderoso imperador quis dar prova de vida farta e fez com que o casamento da filha se realizasse sob uma chuva desse cereal.
O arroz faz parte dos altares budistas em toda a Ásia, simbolizando boa sorte, felicidade e prosperidade. E, na rotina, ele está à mesa e no cumprimento mais trivial. Os chineses costumam perguntar. "Você comeu seu arroz hoje?" que equivale ao nosso "como vai você? Tudo em ordem na sua vida ?".
Na Coréia, os recém-nascidos são alimentados com arroz cozido nas primeiras três semanas de vida, para atrair boa sorte e abundância. É costume entre os adultos, antes de começar a comer, jogar fora uma colherada do cereal, convidando os deuses a compartilhar o alimento e renovar o pedido de abundância. Outra curiosidade: na Coréia do Sul, como no Japão e na China, a comida vem servida em muitos potes. Para esses povos, quanto mais tigelas à mesa, mais fartura se atrai.
Reportagem : Monica Ribeiro
Revista : Bons Fluidos

Um comentário:

  1. o que me impressiona é que por causa de simples condimentos como pimenta/nos moscada, etc ..estamos aqui..o valor que os temperos tinham na europa para mover os europeus a se atirar mar afora...quanto a india/china/coreia sao paises que nao levo a serio quanto a alimentaçao.

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